terça-feira, 26 de março de 2013

7ª Conferêcia Empresarial Forumsul reúne mais de 50 empresários da região em Blumenau para debater sobre Internacionalização Empresarial

O evento que aconteceu no dia 19 de março no Moinho do Vale em Blumenau contou com a presença do presidente do Conselho Regional do Grupo Voith no Brasil, Edgar Horny, do presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Andrew Tang, do sócio sênior da Ernst & Young Terco,  Luiz Carlos Passetti e do ex-diretor internacional da WEG, Celso Vili Siebert. Confira um breve resumo da apresentação de cada conferencista:



Luiz Carlos Passetti: “O mundo enxerga e quer explorar o nosso mercado.”

O executivo Luiz Passetti abriu a 7ª Conferência Empresarial apresentou razões para internacionalizar um negócio. Começou exibindo uma pesquisa realizada com líderes globais, onde 74% afirmaram que suas maiores receitas virão de negócios efetivados em países emergentes. "O mesmo mercado interno onde estamos instalados o mundo também enxerga e quer explorar" destacou o executivo, acrescentando que o mundo está interessado no Brasil e que país será o quinto maior mercado consumidor até 2020. 
Destacou o surgimento de uma nova classe média de consumidores (40 milhões de pessoas já atingiram o nível entre 2003 e 2011). Nos próximos dois anos, espera-se um aumento de 15 milhões de pessoas na classe média.
E ainda apontou que o Brasil será o segundo maior mercado consumidor de artigos de pet shops no mundo, por exemplo; e terceiro, em automóveis, motos, alimentos e bebidas, vestuário, computadores, perfumes e cosméticos.

O risco Brasil

Sobre os riscos de desaceleração do crescimento do consumo no Brasil, Passetti assinala o grande crescimento do volume de oferta de crédito para o consumo nos últimos anos. Ainda tem espaço para crescer, mas a tendência é estabilizar. “Por isso, o risco de ficar dependente de apenas um mercado”, alertou aos participantes da Conferência Empresarial, sugerindo novamente a exploração de negócios no exterior. 
Outros dados econômicos apontam que o comércio varejista cresceu 8,5% em 2012. A estimativa é de 5% em 2013. O consumo das famílias cresceu 3%, representando R$ 2,7 trilhões. A formação bruta de capital fixo (oferta) foi 4% a menos que 2011 e equivale a 19% do PIB.

Mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento

O Brasil ainda é considerado um país com economia fechada. Em 2007 teve o sétimo maior PIB do mundo, mas ficou apenas na 23ª colocação entre os maiores exportadores mundiais e investe somente 1,20% do seu PIB em pesquisa e desenvolvimento. 
Comparou com a Coréia do Sul. 14º maior PIB do mundo, mas oitavo em exportação, mas que investe 3,40% em P&D. Outro país, a China, tem o segundo PIB do mundo, é o primeiro em exportação, o 27º em importação. Investe 1,55% em pesquisa e desenvolvimento. 
Os países que mais investem em pesquisa e desenvolvimento e na formação de cientistas, engenheiros são os que mais exportam. Desde ano passado o Governo Federal investe para aumentar o número destes profissionais no Brasil. 
A demanda global por produtos manufaturadas cresce a uma média anual de 3,3%. Brasil apenas 1,8% na exportação destes produtos. 47% de nossas exportações são de produtos primários. 
As exportações do Brasil dependem muito do agronegócio. Com a queda das commodities, o setor cresceu pouco. Apontou a carga tributária, a infraestrutura e a matriz energética como os principais "nós" que atrapalham o crescimento da economia. 
Por outro lado, em 2011 o Brasil bateu o recorde de ingressos líquidos. Um crescimento de 37,5% em relação a 2010. Houve uma redução de 2,3% em relação a 2001. A redução do IED no Brasil foi bem menos intensa que a verificada nos fluxos mundiais, de 18,3%. Com isso o Brasil ampliou sua participação líquida.

Quem é Luiz Passetti

O executivo é sócio sênior da Ernst & Young Terco onde atua há 29 na prestação de serviços de auditoria e consultoria em empresas de diversos segmentos da economia. Notadamente clientes internacionais e de grande porte. Entre as empresas que ele assessora se encontram Natura, BRF, Telefônica e Alupar. A Ernst & Young Terco é uma empresa de consultoria globalizada que conta com 19 mil profissionais em consultoria distribuídos em 140 países.


Edgar Horny: “Alemanha tem um ambiente seguro, com legislações claras.”

A segunda conferência do dia teve Edgar Horny como âncora. O cenário econômico alemão foi enfatizado na primeira parte da apresentação. Depois, os motivos para se investir no país. 
Alemanha tem um ambiente seguro, com legislações claras. Citou como exemplo a proteção da propriedade intelectual. 
Quem pretende investir na Alemanha pode obter incentivos governamentais. “Mas não invista lá pensando em recebê-los. É um grande erro”, recomendou. O segundo erro, segundo o executivo, é investir pensando que o imposto é baixo. Mas o governo é pontual e ágil nos pagamentos dos créditos gerados pelos impostos. A Alemanha investe quase 3% do seu PIB em pesquisa e as empresas contam com parceria com as universidades. Por essa razão, deu como dica a visita aos centros de pesquisas quando da visita ao país. 
"Também sugiro conhecer as tecnologias alemãs e comparar com as brasileiras. Concluirão que as tecnologias de lá são muito mais avançadas que as brasileiras" decretou.

Geração e distribuição de energia

A Alemanha tem tarifas diferenciadas de energia elétrica como forma de incentivar seu uso em diversos horários. 
O norte da Alemanha ganhou uma vantagem tecnológica com sua matriz energética, apostando na energia eólica. Mas ainda está em evolução.

Relacionamento com sindicatos

Na Alemanha, as empresas são obrigadas a investir na educação dos trabalhadores que pertencem aos seus conselhos de fábrica. Assim, estes representantes dos trabalhadores, sindicalistas, sabem ler um balanço e têm conhecimento da situação das empresas. É um facilitador para se sentar à mesa e negociar com os representantes dos trabalhadores. 
"Nas empresas brasileiras quem faz o contato com os sindicalistas são os coordenadores de RH. Os diretores "se escondem". Um grande erro na avaliação do especialista" lamentou.

Associação dos Engenheiros Brasil e Alemanha

Por fim, apresentou a Associação dos Engenheiros Brasil e Alemanha (VDI). A entidade existe na Alemanha há mais de 100 anos. O objetivo é aprimorar o conhecimento e trocar experiências. Em maio a entidade realizará um simpósio internacional em São Paulo, com o tema: “Novos materiais, novos processos" 
A VDI divulga suas ações por meio uma revista, uma publicação técnica e um site: www.vdibrasil.com.br.

Quem é Edgar Horny

Presidente do conselho regional do Grupo Voith no Brasil. Alto executivo alemão com larga carreira profissional na internacionalização de empresas brasileiras e alemãs. Atuou como presidente executivo da Voith e da Voith Hydro em São Paulo e, até fevereiro de 2013, foi Presidente da VDI (Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha) que age como interlocutor de tendências tecnológicas entre Brasil e Alemanha e parceiro junto às empresas com foco na cooperação tecnológica, possibilitando melhores resultados no competitivo mercado indústria. Atualmente integra a Senior Advisory Board da AHK e da ABDIB.



Charles Andrew Tang: “A China oferece competitividade, qualidade, quantidade e distribuição em escala global”

Charles Andrew Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China foi o primeiro conferencista da tarde. Concentrou boa parte de sua apresentação na exibição dos números da economia chinesa, mostrando e comparando os negócios efetivados com o Brasil. 
A China é a nação com o maior crescimento econômico dos últimos 25 anos, com média do crescimento do PIB em 10% por ano, tornando-se a maior exportadora do mundo em 2010. 
A China oferece competitividade, qualidade, quantidade e distribuição em escala global, reduzindo custos, prazos e atendendo o mundo inteiro. Por fim, tecnologia, com capacidade de produzir produtos sofisticados e inovadores, utilizando a mais alta tecnologia. 
Brasil exporta 29 bi para China e importa 22 bi. Para o mundo, o Brasil exporta 160 bi e importa 147 bi. Foi de 75 bilhões de dólares foi o fluxo do comércio entre Brasil e China no ano passado. 
O Brasil exportou 77 aviões para a China nos últimos cinco anos. No ano passado foram 27 – o equivalente a US$ 876 milhões das exportações brasileiras.

Feira de Cantão

Por fim, Charles Andrew Tang falou que a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China está promovendo a Feira de Cantão, a maior feira de negócios do mundo. O evento ocorrerá de 15 de abril a 05 de maio. São um milhão de metros quadrados de feira, 56 mil estandes e 150 mil produtos em exposição.

Quem é Charles Andrew

É membro do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial e do World Policy Intstitute em New York. A Câmara Brasil-China está presente em diversas cidades no Brasil e na China, com representações na América Latina. Colabora com grandes empresas brasileiras e estrangeiras para estreitar suas relações com a China e o Brasil como: Votorantim, Odebrecht, Johnson & Johnson, Holcim, Sino Steel, JAC Automobiles, Foton and Grentech. Atua também em consultoria de investimentos e de fusões e aquisições internacionais.


Celso Vili Siebert: "O sucesso no mercado externo depende de consistência, talentos, presença própria, assumir responsabilidades e inovação."

Segundo Celso, último conferencista do evento, um dos obstáculos encontrados durante o processo de internacionalização da WEG foi reverter a imagem negativa do Brasil no exterior. Esse obstáculo foi superado por meio de uma "ferramenta de marketing" que consistia em trazer clientes e potenciais clientes para visitar as instalações da empresa no país. O intercâmbio contribui significativamente para que os estrangeiros mudassem sua concepção a respeito do Brasil.

Celso Vili Siebert finalizou sua apresentação expondo as razões que levaram ao sucesso da WEG no mercado externo: consistência, talentos (recursos humanos), presença própria (trabalhar com distribuidores), assumir responsabilidades e inovação.


Quem é Celso Vili Siebert

Foi diretor internacional da WEG, iniciado nos anos 70. Durante sua carreira de mais de 35 anos, como Diretor Internacional da WEG, ele foi um player principal do processo de internacionalização da empresa. Foi a partir de 1991, ano que inaugurou a primeira filial da empresa no exterior, assumindo em seguida a presidência da WEG Electric Motors Corp. nos Estados Unidos.