quinta-feira, 19 de abril de 2012

GOVERNANÇA CORPORATIVA



Alidor Lueders

Reconhecido e destacado executivo com vasta experiência e profundas vivências de gestão empresarial. Participou no crescimento e desenvolvimento do Grupo  WEG de pequena  empresa, nacional para multinacional e de empresa de produtos para empresa de soluções industriais. Iniciou na WEG na Gerência de Auditoria Interna/Jurídica (1971) em função  da formação em Contabilidade e Direito. Em 1979 foi promovido ao cargo de Diretor onde exerceu diferentes cargos a nível corporativo nacional e internacional. Envolvido em todas as estratégias de estruturação, de diversificação, de internacionalização, fusões, cisões e aquisições, etc. e no próprio desenvolvimento do Grupo Weg.
 Atualmente alem de atuar no conselho fiscal da WEG , participa nos conselhos de importantes empresas da região como  Dudalina, Marisol, Leardini, Lunender Têxtil, Tuper, Pamplona. Tem uma destacada atuação de assessoria Governança Corporativa

A desindustrialização é uma ameaça face a competição dos produtos importados?

Ser criativo é uma resposta.


Importante a entrevista da nossa Presidente Dilma Rousseff, na Revista Veja, de 28.03.12, que se coaduna com os interesses empresariais, porque reconhece a necessidade de investir em condições e fatores que permitam maior competitividade à indústria brasileira, referindo-se especialmente que:

  •  os impostos devem cair;
  • os investimentos privados e estatais têm de aumentar;
  • e o que tiver que ser feito para elevar a produtividade e sua competitividade externa será feito;
  • a necessidade de “consertar a máquina administrativa federal”, e dotar o estado de processos transparentes em que as melhores práticas sejam identificadas, premiadas e adotadas mais amplamente;
  • o problema cambial, decorrente de injeção de recursos no Brasil com fim de “arbitragem” obriga o Brasil a adotar medidas defensivas para proteger-se contra pressões desestabilizadoras externas do excessivo capital especulativo;
  • mas, o Brasil quer atrair empresas externas para aqui se instalarem com vistas a transferência da tecnologia e criação de empregos.

Do conteúdo depreende-se que, não serão as afinidades ideológicas que regerão os laços do Brasil com o mundo, mas sim as oportunidades econômicas e comerciais. As oportunidades do mercado em 2012 parecem indicar um cenário de recuperação, decorrentes do encaminhamento de solução do Acordo da Grécia com a União Européia, e a leve recuperação da economia americana.

Os Bancos Centrais dos países industrializados mantêm uma política monetária expansiva, o que se traduz em importantes volumes de liquidez e baixas taxas de juros.

Todavia, no Brasil remanescem na indústria manufatureira questões decorrentes do frustrante crescimento de apenas 2,7% do PIB, em 2011 e o PIB Industrial cresceu apenas 1,6% em relação a 2010, lançando dúvidas sobre 2012. E os maus resultados, decorrem por fatores que combinam o cenário da crise global, câmbio desfavorável e acirramento da competição interna com o aumento expressivo das importações.

Conforme a revista Conjuntura Econômica, vol. 66 nº 03, no artigo “O Calvário da Indústria”, atualmente, o salário (custo unitário do trabalho) está crescendo e a produtividade não, mas grande parte desse movimento pode ser atribuído ao câmbio, porque o custo da mão-de-obra é medido em dólar. “Uma valorização extraordinária e intensa como ocorreu com o Real é dilaceradora da indústria nacional”. Assim como a competitividade também é afetada pelo Custo Brasil, hoje reconhecido pelos órgãos governamentais, face ao risco de desindustrialização.

Resultado - as vendas no varejo crescem mais do que os da indústria, face aos importados; e o faturamento da indústria cresce mais do que a produção, porque os insumos da cadeia produtiva estão sendo substituídos pelos importados, reduzindo o valor adicionado. O que importa dizer que, temos dificuldades em competir nas exportações e no próprio mercado interno. O setor agropecuário (commodities), por ser muito produtivo no país, tem sido compensado por preços internacionais altamente favoráveis. Os setores de alimentos e bebidas têm grande peso na indústria como um todo, mas não sofrem o impacto tão grande dos importados. O setor de serviços não está sofrendo a competição dos importados.

As medidas adotadas no âmbito do Plano Brasil Maior ajudam a minorar o problema da indústria brasileira com os importados, mas são insuficientes. Verifica-se que o governo está se movimentando na tomada de medidas a favor da indústria, mas é preciso reforçar o sentido de urgência, o que exige reformas estruturais.


Aparentemente as políticas macro econômicas de curto prazo estão direcionadas ao atingimento:

  • da depreciação do câmbio (Real), para permitir maior competitividade e evitar a desindustrialização e reagir a guerra cambial, com risco de aumento da inflação;
  • do crescimento econômico na ordem de 5% ao ano;
  • e, da redução da taxa de juros, para impulsionar a atividade econômica e conter a apreciação do real.
A questão que se poderia colocar é se essa política a longo prazo é sustentável, sem se fazer urgentemente as necessárias reformas estruturais, que geram o “Custo Brasil”. Na realidade cabe as empresas se adequarem rapidamente aos distúrbios econômicos, procurando continuadamente através da inovação produzir e criar valor a seu negócio.

As oportunidades do mercado brasileiro, com potencial de sustentar o crescimento são conhecidas, desde investimentos em infraestrutura, agregar maior valor as commodities exportadas, até o atender o desejo do consumidor. O desafio é preparar-se e estar atento para participar.

A instituição de Conselho de Administração, com a inclusão de membros independentes, que por sua natureza toma decisões colegiadas, e acaba adotando uma liderança compartilhada, pode contribuir com o crescimento e sucesso da empresa, na medida em que são questionados a estrutura e o modelo de negócios existentes, suscitando desafios para a empresa desenvolver novos produtos, ampliação dos negócios, atuar em novos segmentos de mercado, enfim definindo planos para o futuro. O importante é a empresa criar vantagens competitivas, atuando de forma diferente – inovando continuadamente.

O desenvolvimento de trabalho em equipe, a educação que fomenta a criatividade e espírito crítico, o apoio a novas iniciativas, etc. devem ser ferramentas de gestão, visando criar o espírito empreendedor em todas as áreas da empresa.



Alidor Lueders
DPL Consultoria Empresarial
29/03/2012