terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

GOVERNANÇA CORPORATIVA


Alidor Lueders
GOVERNANÇA CORPORATIVA


Conselho de Família como modelo para a perenidade da empresa familiar


A existência de milhares de pequenas, médias e inclusive de grandes empresas de controle familiar, tem um papel fundamental no desenvolvimento econômico e social. A dificuldade de alinhar os interesses da família e os interesses  dos negócios, faz com que muitas empresas familiares fracassem, pois as famílias tendem a ser emocionais e os negócios são mais racionais. O desafio reside em encontrar o caminho que permita posicionar com sucesso e sustentabilidade, a família e o negócio, visando a sua perenidade no mercado


O processo sucessório de empresas familiares normalmente é difícil e complexo, pois não se trata meramente de uma operação de negócios. A transição envolve a cultura e fortes vínculos emocionais, o que exige planejamento e cuidados. A empresa familiar, de forma geral, se defronta com:
- ausência de estratégias claramente definidas;
- confusão entre propriedade e gestão;
- conflito de interesses e atritos entre familiares.


A transição envidando a perenidade do negócio pressupõe:
- o planejamento sucessório;
- o desenvolvimento de competências para os herdeiros;
- a preparação dos futuros acionistas, como investidores;
- a implementação de um Conselho de Família e de um Acordo de Acionistas/Quotistas, que dê amparo a esses processos. 


Cabe as pessoas, especialmente ao principal gestor do negócio, conscientizar-se da necessidade da profissionalização e se preparar para a sucessão.
Atualmente, recomenda-se que a empresa familiar se organize de forma a ter governança separada e integrada, que envolva: a) a propriedade; b) a família e, c) o negócio, criando-se o Conselho de Família. Cabe no movimento da transição sucessória à família, aos familiares acionistas, e especialmente aos que permanecem como executivos, aceitarem novos papéis na empresa.  


Os executivos e profissionais acostumados a ter uma relação direta com o “dono”, deverão aprender a nova realidade decorrente da mudança estrutural que vier a ser implementada.
Qualquer profissional, acionista ou não, que assumir a liderança de uma empresa familiar, terá uma missão muito desafiadora, especialmente o de ganhar respeito dos acionistas/quotistas, funcionários, fornecedores e clientes. A liderança certamente deverá ser conquistada por sua experiência, formação, valores, postura e enquadramento na cultura existente. Ao mesmo tempo que se aceitar o cometimento de pequenos erros, cabe ao sucessor definir metas ambiciosas, liderar a sua equipe e dar novo ritmo no desenvolvimento da empresa e agregar valor, apresentando rapidamente resultados satisfatórios. 


A elaboração de um acordo entre os familiares envolvidos tende a criar uma gestão mais saudável e rentável, propiciando o crescimento do negócio e a manutenção da propriedade da empresa.


O Conselho de Família, além de propiciar melhores condições para a perenidade da empresa, reduz o distanciamento entre os membros dos núcleos das famílias, que acabam criando um fórum para debater assuntos em comum, dos negócios da empresa, prevenindo conflitos e criando a visão de investidoras. 


Vale a pena conhecer o FBN – Family Business Network, que promove o encontro entre famílias empresariais e auxilia no desenvolvimento das futuras gerações (www.fbn-br.org.br).


Em linhas gerais um Estatuto do Conselho de Família e/ou Acordo de Acionistas/Quotistas, abrangeria no seu contexto: os acionistas/quotistas existentes e futuros, os objetivos do acordo e os princípios e os valores da empresa, regras de boa convivência e mecanismos que controlem a entrada e saída de familiares do quadro de acionistas/quotistas, instalação, funcionamento e atribuições do Conselho de Administração e/ou Consultivo e da Diretoria Executiva, regras sobre a governança familiar, suas atribuições, responsabilidades e composição dos direito e deveres, da remuneração, do capital e do trabalho, política de dividendos, etc.


A estruturação do Conselho de Família começa pela formação de seu estatuto, que conterá os princípios e os valores que regem os relacionamentos familiares, com o negócio que os une, contemplando entre outros aspectos – participantes do conselho, objetivos do conselho, suas atribuições e responsabilidades, a prestação de contas aos acionistas/quotistas. Nas atividades do Conselho de Família se inserem a elaboração de planos de profissionalização da família empresária e formação de futuros herdeiros e sucessores e preservação dos valores e cultura da empresa. 


Enquanto que, o Acordo de Sócios/Acionistas contemplará aspectos legais, sucessão de patrimônio e de gestão, regras para alçadas de decisão, de entrada e saída de acionistas, distribuição de dividendos, solução de conflitos, etc.
Concluindo, a implementação de um modelo de governança familiar instituindo o Conselho de Família e o estabelecimento de um Acordo de Acionistas/Quotistas, aliado a implementação de uma governança corporativa, sistema pelo qual as empresas são administradas, envolvendo os relacionamentos entre Acionistas/Quotistas, Conselho de Administração, Diretoria e Auditores, certamente auxiliará no aumento do valor da sociedade e contribuirá com a sua perenidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário